«[…] Com as colegas do Brasil o idioma não se tornou nenhum impedimento comunicativo, tudo correu muito bem, com o galego e o português. A minha família adorava falar com as miúdas alegres que enchiam a casa de felicidade e de coisas novas e exóticas que elas contavam de Minas Gerais. Gostei muito dessa interconexão. Eram mundos tão diferentes, tão distantes e ao mesmo tempo tão compreensíveis.
Se tivesses de explicar às tuas amigas e amigos de Cospeito, porque vives o galego como sendo a mesma língua de Portugal e do Brasil, o que lhes dirias?
Dir-lhes-ia que não somos conscientes nem conhecedores do poder da nossa própria língua. Na verdade, temos um tesouro que nos permite comunicar internacionalmente. Isso torna o nosso idioma numa ferramenta comunicativa muito valiosa. Além da comunicação, também nos permite sentir-nos próximos a outras pessoas, a priori distantes, mas com as quais temos na fala muitas coisas em comum. Um exemplo claro está nos meus avós que se comunicaram muito bem com as minhas amigas brasileiras. Uma experiência que por acaso resultou com muito sucesso para todos, quer para os meus avós que ficaram muito cosmopolitas 😊, quer para as minhas amigas que sentiam os meus avós como seus próprios cá na Galiza […].»
Source: Sónia Engroba: ‘Não somos conscientes nem conhecedores do poder da nossa própria língua’ – PGL