Em 2021 cumprem-se os primeiros 40 anos de oficialidade do galego. Nom foi até 1981 que a nossa língua, no nosso território, conquistou o seu atual status legal. Neste ano, uma vez aprovado o Estatuto de Autonomia, o galego passou a ser língua oficial, junto ao castelhano, e língua própria da Galiza com carácter legal. É importante tentar olhar isto com a perspetiva que merece porque a ‘normalidade’ linguística da que desfrutamos hoje é realmente recente e uma novidade na História galega. Uma perspectiva que talvez podamos atingir só com pensar que as pessoas de 50, 60, 70 ou mais anos, vivírom grandes partes da sua vida sem que existira esta oficialidade. Uma enorme percentagem da nossa populaçom que nom tivo nem rastro de galego em nenhuma das suas etapas formativas e outros ámbitos ‘formais’ das suas vidas, e no entanto som as faixas etárias que mais usam e nas que mais se conserva o galego como língua de uso comum e veícular.
Isto último evidencia uma certa contradiçom. Precisamente nestes últimos 40 anos em que as pessoas som alfabetizadas em galego e num contexto onde a língua adquire um status legal, algo imprescindível, é quando se produz uma queda de falantes e utentes como nunca antes. Uma queda que, mesmo, ameaça a continuidade do galego como língua de uso alargado na Galiza. Evidentemente, as transformações destes 40 anos nom se limitárom à construçom da Autonomia ou à oficialidade do galego, umha importante urbanizaçom da populaçom -referida nom só ao lugar onde mora- a enorme terciarizaçom da economia ou o aumento da influência no nosso dia-a-dia dos médios de comunicaçom -quase na íntegra em castelhano- com certeza que fôrom elementos chaves para compreender esta transformaçom linguística. Ainda assim, se queremos agir com honestidade, torna-se evidente a necessidade de avaliar estes 40 anos, tanto no que tem a ver com as políticas linguísticas fomentadas como no que tem a ver em como agimos como sociedade.
Volvendo a 1981, foi também nesse ano quando se constuiu a AGAL como resposta organizada duma parte da sociedade galega que se preocupava polo galego mas que nom concordava, nem concorda, com a estratégia linguística que nos separa do nosso tronco comum e da nossa língua portuguesa, brasileira ou africana. Nestes 40 anos a associaçom passou por diferentes etapas e fases, buscando adaptar-se às necessidades do país em matéria linguística. Assentando as bases filológicas e teóricas duma alternativa que procura ser mais útil e mais global mantendo a fidelidade com a nossa história, tanto da língua como da sua recuperaçom. Hai 40 anos nasceu a AGAL mas nom nasceu o reintegracionismo, porque esta tendência nasceu no mesmo momento em que na História moderna da Galiza começou a sentir-se a necessidade de padronizar, sistematizar e regularizar as falas próprias galegas. Um processo que para o castelhano se intensificou e consolidou desde o século XVIII e XIX com a força da construçom do Estado liberal. Portanto o galego chega muito mais tarde, e com muita menos força que o castelhano, a essa oficialidade.
Para aproveitar melhor a oficialidade e reverter a queda de falantes, últimos anos, da AGAL temos feito propostas e procurado soluções e alternativas. Atualmente formulamos um projeto global que nom vai dirigido só às pessoas reintegracionistas, nem tam sequer só às pessoas galegofalantes, senom ao conjunto da sociedade. Um projeto que recolhe uma proposta binormativista que procura dar cobertura legal a uma realidade que já existe na Galiza. Nom só dar cobertura legal senom mesmo tirar proveito desta riqueza e alargar ao conjunto da cidadania galega o aproveitamento das oportunidades do galego como língua internacional. Um projeto que parte da realidade atual mas que procura novas vias para transformar a situaçom atual e portanto visa uma nova estratégia e guiom para o galego.
Talvez soluções ou debates que em 1981 pareciam impossíveis, polo que for, agora nom sejam tal. Se queremos resultados diferentes para o 2061 possivelmente tenhamos que ter estratégias diferentes nos próximos 40 anos.
Cf. Nós Diario