Suco de couve

En DGAP non deixamos de insistir en algo que moitos galegos aínda non percibiron: que a nosa língua é unha porta aberta para beber de modo exótico algo tan noso como a couve, mais co pracer de oír o acento brasileiro e coñecer pratos africanos. Eis un exemplo:

Cf. Itaú Cultural

Ramón Villares: “Galiza, terra irmá de Portugal”

«Este breve ensaio, editado pola Fundaçâo Francisco Manuel dos Santos (Lisboa, 2022),  trata da evolución histórica de Galicia, contada en diálogo coa historia e a política de Portugal, comezando pola raíz común que foi a Gallaecia romana e sueva até os primordios do segundo milenio, cando se produce a escisión entre as duas partes da antiga provincia romana, na que o norte (a “terra  lucense”) fica co propio nome de Galicia e a parte do sul (“terra bracarense”) se transforma a partir de Portucale no reino de Portugal,  do que mesmo procede o nome da lingua daquel novo reino peninsular. O poeta Miguel Torga dixo en certa ocasión, a propósito dunha visita de escritores galegos  á sua morada de Coimbra, que ao escoitar aquel “lenguajar nativo e arcaico” no que lle falaban, decatouse da existencia  duma patria común pero “trágicamente dividida”.  A división non foi especialmente tráxica, pero a pregunta segue a ser se aquela escisión dun territorio común pode ser refeita ou debe continuar no estado actual. Esta é a cuestión na que teñen matinado moitos dos nosos devanceiros, nun tempo alcumados como “iberistas”.

Continuar lendo “Ramón Villares: “Galiza, terra irmá de Portugal””

António Cunha: Identidade e futuro

António Cunha

«Retomo a posição onde concluí a minha última coluna de opinião nestas páginas: o breve e valioso livro de Ramón Villares, recentemente publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. “Galiza – Terra irmã de Portugal” é um daquelas obras que iluminam tanto a memória quanto o futuro. O autor traça uma arqueologia brilhante da “irmandade existente entre a Galiza e Portugal”, irmandade “atlântica”, natural e cultural, que foi historicamente “dividida” por dois reinos e estados, mas para onde o presente e o futuro sempre apontam. “Subjacente a esta realidade cultural e política, está a continuidade das suas paisagens e as frequentes relações transfronteiriças das suas gentes, que não percebem de fronteiras ou que as atravessam sem disso se dar conta”, nota Villares, referindo-se aos milhares de nortenhos e galegos que ainda hoje “cruzam a raia” quotidianamente, cujas famílias se miscigenaram, na esteira do que aconteceu na Galécia e até aos dias de hoje. “Essa divisão – nota Villares – nunca chegou a concluir-se por completo. (…) As semelhanças são indeléveis, os diálogos nunca cessaram”.

O futuro sempre aponta em direção à nossa identidade, à condição territorial e histórica, à nossa vocação coletiva. Não é possível traçar horizontes e políticas de sucesso sem o conhecimento da matriz sociocultural e económica dos territórios, e nunca a recalcando.

Justamente amanhã reúne, em Vila Nova de Gaia, a Comissão Luso-Espanhola de Cooperação Transfronteiriça, para aprovar contributos para a agenda da Cimeira Ibérica, que se realizará, também a Norte, em outubro, na qual se definem as grandes agendas e dinâmicas políticas da cooperação entre os dois países.

Como explica Villares, “a integração europeia e o desaparecimento parcial das fronteiras de Estado favorecem que se pense esta irmandade atlântica em termos mais culturais do que políticos, com um maior peso atribuído a uma estratégia europeia que ultrapassa os estados nacionais”. E remata: “parece claro não só que o futuro aumentará a integração destas regiões [Galiza e Norte] outrora divididas, mas também que os seus valores identitários comuns poderão alcançar uma nova dimensão e um importante peso regional no quadro da União Europeia, dada a sua condição de países atlânticos, densamente povoados, economicamente ativos e com uma grande atração patrimonial e turística”.»

[Jornal de Notícias]

Banda Desenhada trata história da Euro-região Galiza-Norte de Portugal

banda desenhada historia da lingua

«O Eixo Atlántico é o responsável do projeto Das Orixes á Unión Europea, Historia da Eurorrexión Galicia-Norte de Portugal, um livro de 100 páginas que percorre a história do território em cinco capítulos.

Este trabalho foi dirigido e escrito polo historiador Víctor Rodríguez, e conta com ilustraçons de dous ilustradores galegos e dous portugueses: Daniel Docampo, Daniel Correia, Norberto Fernández e Martim Cordovil.
O livro começa com o período castrejo e a romanizaçom, até a chegada dos suevos e do Cristianismo. A seguir, percorre a Idade Media, e recolhe a constituiçom do Reino de Galiza, o desenvolvimento do Caminho de Santiago, a independência de Portugal e as Revoltas Irmandinhas. No seguinte capítulo decorre a história desde a morte de Henrique de Portugal até a Revoluçom dos Cravos em 1974. E no final desenvolve-se a história recente, com destaque dum último apartado que descreve a própria história do Eixo Atlántico desde a sua fundaçom em 1992.

Para ler online e de descargar a publicaçom, está disponível aqui

[Portal Galego da Língua; ]

Lei galega para o aproveitamento da lingua portuguesa e vínculos coa lusofonía (2014)

Xunta de Galicia

I. DISPOSICIÓNS XERAIS

PRESIDENCIA DA XUNTA DE GALICIA

LEI 1/2014, do 24 de marzo, para o aproveitamento da lingua portuguesa e vínculos coa lusofonía.

Exposición de motivos

No actual mundo globalizado, as institucións galegas, comprometidas co aproveitamento das potencialidades de Galicia, deben valorizar o galego como unha lingua con utilidade internacional, algo que indicou no seu debido tempo o autor a quen foi dedicado o Día das Letras de 2012, que chegou a exercer como vicepresidente da Comissão Galega do Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa.

O portugués, nacido na vella Gallaecia, é idioma de traballo de vinte organizacións internacionais, incluída a Unión Europea, así como lingua oficial de nove países e do territorio de Macau, na China. Entre eles figuran potencias económicas como o Brasil e outras economías emerxentes. É a lingua máis falada no conxunto do Hemisferio Sur.

É preciso fomentar o ensino e a aprendizaxe do portugués, co obxectivo, entre outros, de que empresas e institucións aproveiten a nosa vantaxe lingüística, un valor que evidencia a importancia mundial do idioma oficial dun país veciño, tendo en conta tamén o crecente papel de bloques como a Comunidade dos Países de Lingua Portuguesa.

A lingua propia de Galicia, polo feito de ser intercomprensible co portugués, outorga unha valiosa vantaxe competitiva á cidadanía galega en moitas vertentes, nomeadamente na cultural pero tamén na económica. Por isto debemos dotarnos de métodos formativos e comunicativos que nos permitan desenvolvernos con naturalidade nunha lingua que nos é moi próxima e nos concede unha grande proxección internacional.

Continuar lendo “Lei galega para o aproveitamento da lingua portuguesa e vínculos coa lusofonía (2014)”

Mario Regueira: “O segredo melhor guardado do país”

«[…] Editar literatura portuguesa em galego?

Estas semanas a generosidade duma editora galega punha nas minhas mãos outro clássico da literatura portuguesa “traduzido” para galego. Por mais que a edição fosse tão formosa como costuman ser estas coleções e que a adaptação ortográfica fosse encarregada a uma pessoa que admiro, soube imediatamente que não o leria, ainda que o livro despertasse a minha curiosidade o suficiente como para encomendar uma edição portuguesa no dia seguinte […].

Há quem diga que justamente essa é a questão: que algumas pessoas, por razões profissionais ou familiares, temos um contacto com a língua portuguesa que a maioria das pessoas não tem. Cresci numa casa com livros em português que o meu pai lia para mim pronunciando “à galega”. Interessei-me logo pelas línguas e a literatura e quando tive curiosidade por Antero de Quental, Clarice Lispector ou Saramago fiz questão de procurar os livros em português, apesar de todas as livrarias da minha cidade fazerem esforços para me vender traduções em castelhano. Talvez seja uma coisa minha, ainda que a experiência também me diga outras coisas: durante anos voltava das minhas viagens a Portugal carregado de livros infantis para as crianças dos amigos que estas devoravam sem quase notarem, no máximo perguntando por algum termo solto, mais ou menos como quando liam com ortografia galega. Sei que nos dias de hoje uma minoria de galegos e galegas continua a fazer o mesmo, oferecendo este tipo de produtos culturais às suas crianças, também com audiovisual na variante brasileira. Por outro lado, uma parte nada desprezível das editoras do país que se dedicam à língua galega publica numa ortografia convergente ou mesmo com idêntica grafia ao que conhecemos por português. Pode ser uma teima, mas também tenho a sensação, muitas vezes, de que o segredo melhor guardado da Galiza é que a imensa maioria das pessoas galego-falantes podem ler em português com um esforço mínimo. E isto é, em boa medida, independente da guerra de fundo que às vezes se manifestou vandalizando alguns livros.

Tradução e edição nas relações culturais

É certo que igual que uma língua não é só uma ferramenta de comunicação, uma tradução não serve só para fazer algo intercompreensível. Quando se traduziu o Quixote para galego foi um ato mais simbólico do que uma necessidade linguística. Muitas vezes, estas “traduções” do português cobrem um papel de aproximação entre os dois países, e às vezes mesmo estão financiadas por fundos relacionados com a integração europeia. Penso, porém, que muitos desses esforços bem intencionados teriam melhor fortuna noutra direção: uma edição adaptada para o público galego de certas obras não pasa necessariamente por uma adaptação ortográfica supérflua. A maior parte das vezes pode ser mais relevante saber o seu contexto histórico e literário, entender a sua relevância. Compreender o outro no que é diferente, não nas coisas que são praticamente iguais ou simples variantes da nossa realidade. E, obviamente, não ignorar a vantagem de que esse galego do sul devolva parte do vigor perdido ao minguado e arbitrário vocabulário que sancionam instituções como a Academia.

[Este artigo foi publicado originariamente no Nós Diario]».

Cf. PGL: “O segredo melhor guardado do país”.

Sobre o ensino do portugués no ensino

«Desde a aprobación da lei Paz Andrade no 2014, o ensino de portugués no sistema educativo galego foi aumentando e hoxe chega a 5000 estudantes, pero, é suficiente? Estamos aproveitando todo o potencial que ten a proximidade do galego e o portugués?

Falamos co secretario xeral de política lingüística da Xunta de Galicia, Valentín García, co vicepresidente da Associação Docentes de Português na Galiza, Luís Figueroa, e co empresario e ex-director xeral do Banco Pastor, Enrique Sáez Ponte.»

Cf. Té con gotas

Camilo Nogueira: “O galego é hoxe universal, e mañá?”

«A lingua galega formouse hai máis de mil anos, nunha progresiva separación do latín. Desde o tronco común evoluciona o galego contemporáneo aquén do Miño e máis alá do Douro na variante de Portugal. O galego-portugués expandiuse en territorios de diversos continentes: Brasil, Mozambique, Angola, Guinea-Bissau, Cabo Verde ou Santo Tomé e Príncipe, e tamén na India, no Timor Oriental e en Macau en China. Na Península deixou a súa pegada seguindo os trazos da Banda Galega, a liña defensiva fronteiriza que chegaba ata Aracena. Fálase así galego en poboacións de Zamora, Salamanca e Estremadura.

Queda a pegada tamén no esplendor medieval das Cantigas de Santa María en galego, do rei Afonso X O Sabio, xa gobernante desde o centro da Península aínda que cun pé na terra como testemuña que a súa muller, Violante de Aragón, mandou ser enterrada en Allariz.

Non obstante, o declive dos séculos escuros ten consecuencias demográficas, políticas e tamén lingüísticas. Galicia era aínda en 1900 o terceiro territorio de España con máis poboación, por enriba de Cataluña, Valencia ou Madrid. En 1833 o Goberno español eliminou a Xunta do Reino de Galiza, a única que permanecía na Península. A lingua vive un longo período de persecución e desaparición dos espazos de prestixio, aínda que se mantén viva nos falantes.

Debeu chegar 1983 para a lingua de Galiza ser recoñecida como tal a partir dos debates sostidos no Parlamento galego nos primeiros anos. A Lei de Normalización Lingüística recórdanos no seu preámbulo: «O proceso histórico centralista acentuado no decorrer dos séculos tivo para Galicia dúas consecuencias profundamente negativas: anula-la posibilidade de constituír institucións propias e impedi-lo desenvolvemento da nosa cultura xenuína cando a imprenta ía promove-lo grande despegue das culturas modernas. Sometido a esta despersonalización política e a esta marxinación cultural, o pobo galego padeceu unha progresiva depauperación interna que xa no século XVIII foi denunciada polos ilustrados e que, desde mediados do XIX, foi constantemente combatida por tódolos galegos conscientes da necesidade de evita-la desintegración da nosa personalidade».

As elocuentes afirmacións da Lei de Normalización Lingüística mostran como ese sinal de identidade mantido mesmo en tempos escuros debe dar pasos de futuro para manter o seu carácter universal.»

Cf. La Voz de Galicia

Qual é a origem da língua portuguesa?

O português vem do galego?

«[…] Enfim: todos nós que dizemos falar português e todos os que dizem falar galego falamos qualquer coisa que teve origem nos falares da Galécia, ali no noroeste da Península. Durante séculos, o latim trazido pelos soldados e colonos romanos e adquirido por toda a população foi sofrendo transformações — não as podemos ver em tempo real, porque ninguém as registava ou escrevia, mas, muitos séculos depois, quando finalmente a língua começou a ser escrita, havia nesse território uma língua já formada, com verbos próprios, com formas próprias, com características que a identificam e a distinguem das outras línguas em redor.

O que chamavam as pessoas a essa língua que já era, em muitos aspectos, a nossa? Não lhe chamavam nem galego nem português: chamavam-lhe linguagem, com toda a probabilidade. Era a língua do povo. Nós, agora, olhando para trás, podemos chamar-lhe «português», o que não deixa de ser anacrónico, ou «galego», o que não deixa de assustar algumas almas mais sensíveis, ou «galego-português», para agradar a gregos e a troianos (como se esses fossem para aqui chamados). Na escrita, durante todos esses séculos do primeiro milénio, o latim continuou rei e senhor.

Quando Portugal se tornou independente, começámos a usar a língua que existia no território, que era ainda apenas o Norte. Não a escolhemos de imediato, pois nos primeiros tempos o latim ainda foi a língua oficial. Mas, devagar, a língua que era de facto falada começou a infiltrar-se nos textos escritos, às vezes de forma imperceptível, outras vezes de forma mais clara. Continuar lendo “Qual é a origem da língua portuguesa?”