António Cunha: Identidade e futuro

António Cunha

«Retomo a posição onde concluí a minha última coluna de opinião nestas páginas: o breve e valioso livro de Ramón Villares, recentemente publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. “Galiza – Terra irmã de Portugal” é um daquelas obras que iluminam tanto a memória quanto o futuro. O autor traça uma arqueologia brilhante da “irmandade existente entre a Galiza e Portugal”, irmandade “atlântica”, natural e cultural, que foi historicamente “dividida” por dois reinos e estados, mas para onde o presente e o futuro sempre apontam. “Subjacente a esta realidade cultural e política, está a continuidade das suas paisagens e as frequentes relações transfronteiriças das suas gentes, que não percebem de fronteiras ou que as atravessam sem disso se dar conta”, nota Villares, referindo-se aos milhares de nortenhos e galegos que ainda hoje “cruzam a raia” quotidianamente, cujas famílias se miscigenaram, na esteira do que aconteceu na Galécia e até aos dias de hoje. “Essa divisão – nota Villares – nunca chegou a concluir-se por completo. (…) As semelhanças são indeléveis, os diálogos nunca cessaram”.

O futuro sempre aponta em direção à nossa identidade, à condição territorial e histórica, à nossa vocação coletiva. Não é possível traçar horizontes e políticas de sucesso sem o conhecimento da matriz sociocultural e económica dos territórios, e nunca a recalcando.

Justamente amanhã reúne, em Vila Nova de Gaia, a Comissão Luso-Espanhola de Cooperação Transfronteiriça, para aprovar contributos para a agenda da Cimeira Ibérica, que se realizará, também a Norte, em outubro, na qual se definem as grandes agendas e dinâmicas políticas da cooperação entre os dois países.

Como explica Villares, “a integração europeia e o desaparecimento parcial das fronteiras de Estado favorecem que se pense esta irmandade atlântica em termos mais culturais do que políticos, com um maior peso atribuído a uma estratégia europeia que ultrapassa os estados nacionais”. E remata: “parece claro não só que o futuro aumentará a integração destas regiões [Galiza e Norte] outrora divididas, mas também que os seus valores identitários comuns poderão alcançar uma nova dimensão e um importante peso regional no quadro da União Europeia, dada a sua condição de países atlânticos, densamente povoados, economicamente ativos e com uma grande atração patrimonial e turística”.»

[Jornal de Notícias]

Lei galega para o aproveitamento da lingua portuguesa e vínculos coa lusofonía (2014)

Xunta de Galicia

I. DISPOSICIÓNS XERAIS

PRESIDENCIA DA XUNTA DE GALICIA

LEI 1/2014, do 24 de marzo, para o aproveitamento da lingua portuguesa e vínculos coa lusofonía.

Exposición de motivos

No actual mundo globalizado, as institucións galegas, comprometidas co aproveitamento das potencialidades de Galicia, deben valorizar o galego como unha lingua con utilidade internacional, algo que indicou no seu debido tempo o autor a quen foi dedicado o Día das Letras de 2012, que chegou a exercer como vicepresidente da Comissão Galega do Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa.

O portugués, nacido na vella Gallaecia, é idioma de traballo de vinte organizacións internacionais, incluída a Unión Europea, así como lingua oficial de nove países e do territorio de Macau, na China. Entre eles figuran potencias económicas como o Brasil e outras economías emerxentes. É a lingua máis falada no conxunto do Hemisferio Sur.

É preciso fomentar o ensino e a aprendizaxe do portugués, co obxectivo, entre outros, de que empresas e institucións aproveiten a nosa vantaxe lingüística, un valor que evidencia a importancia mundial do idioma oficial dun país veciño, tendo en conta tamén o crecente papel de bloques como a Comunidade dos Países de Lingua Portuguesa.

A lingua propia de Galicia, polo feito de ser intercomprensible co portugués, outorga unha valiosa vantaxe competitiva á cidadanía galega en moitas vertentes, nomeadamente na cultural pero tamén na económica. Por isto debemos dotarnos de métodos formativos e comunicativos que nos permitan desenvolvernos con naturalidade nunha lingua que nos é moi próxima e nos concede unha grande proxección internacional.

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Iria Taibo: “A liberdade (real) de escolha é muito importante, e o sentido prático também”

«Estamos a realizar ao longo de todo o ano, umha série de entrevistas a diferentes agentes sociais para darem-nos a sua avaliaçom a respeito do processo, e também abrir possíveis novas vias de intervençom de cara o futuro. Desta volta entrevistamos iria taibo, tradutora, intérprete e ativista da Mesa.

[…] Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
Podem fazer-se muitas coisas, mas acho que se não há um apoio muito mais claro por parte das instituições é bastante difícil que nada mude. Desde a promoção do galego nas novas plataformas onde a mocidade toda está a participar até os retrocessos que é fácil detetar em partes muito importantes da própria administração (nomeadamente, a educação e a saúde, na minha opinião), as iniciativas pessoais e privadas de todo tipo são muito positivas e imprescindíveis, mas para mim é impossível que haja mudanças reais sem essa liderança do público.
Desde a iniciativa social, continuaria com o apoio a iniciativas muito transformadoras que existem, particularmente de valorização e de divulgação de espaços de presença prática do galego.

Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas normas oficiais, uma similar à atual e outra ligada com as suas variedades internacionais?
Sem dúvida. A liberdade (real) de escolha é muito importante, e o sentido prático também. Daria a bem-vinda a qualquer elemento que ajude e some.»

Source: Iria Taibo: “A liberdade (real) de escolha é muito importante, e o sentido prático também”

Da Lei Paz Andrade à Casa da Lusofonia

«A Deputación de Ourense, da man da Associação Impulsora Casa da Lusofonia , están a traballar para que a cidade das Burgas sexa sede dunha Casa da Lusofonía, dentro da rede de casas internacionais do Estado español. Trátase dunha nova iniciativa, sete anos despois da aprobación da Lei Paz Andrade en Galicia, para ter unha maior presenza no mercado económico, social e cultural do mundo lusófono, sacándolle todo o proveito ao potencial da lingua galega como lingua extensa , útil e claramente internacional.

Sobre todos os pasos dados neste sentido nos últimos anos, falamos co presidente da Deputación de Ourense, José Manuel Baltar Blanco; co secretario xeral da Associação Impulsora Casa da Lusofonia e portavoz para a defensa da ILP Paz Andrade no Parlamento Galego no 2013, Xosé Carlos Morell; o director do Instituto Galego de Análise e Documentación Internacional (IGADI), Daniel González Palau; e a escritora, psicóloga e integrante da Comissão Executiva do Patronato da Fundação Academia Galega da Língua Portugesa, Concha Rousia.»

Cf. NÓS televisión

Debate sobre o binormativismo do galego

No decurso de 2020 aconteceu um debate na imprensa sobre a pertinência de o galego possuir duas normas oficiais, a local (também chamada de nacional, “oficial”, institucional, etc), estabelecida e defendida pela Real Academia Galega, e a internacional (também chamada de internacional, histórica, lusista, etc), defendida pela Associaçom Galega da Língua. O presidente da AGAL, Eduardo Maragoto, e o secretário da RAG, Henrique Monteagudo, protagonizaram um interessante intercâmbio de ideias ao respeito:

Eduardo Maragoto: Carta aberta ao académico Henrique Monteagudo

Henrique Monteagudo: Resposta a Eduardo Maragoto

EM: Continuemos: “binormativismo” ou “reconhecimento oficial do português”?

HM: O galego internacional: un problema de comunicación

EM: Ampliar o repertório, para quê?

Ganhar a vida em galego (II)

«A proposta consiste em usar a Eurorregiom para ir muito mais além de um quadro de facilitaçom do “comércio externo” das empresas. Usá-la como umha unidade política transversal aos Estados, superando divisões estatais rígidas. A sobrevivência da nossa língua e cultura na Galiza vai de mãos dadas com a recuperaçom do espaço atlântico como plataforma económica e política, para o nosso progresso.

Trata-se de des-estrangeirar a Galiza em Portugal e Portugal na Galiza. Para nos misturarmos em todos os níveis: pessoal, laboral, legal, comercial, produtivo… Promover massivamente o movimento de pessoas no espaço atlântico, tirando partido da nossa língua comum “Galego ou Português” (GP). Agora está promovido só com Madrid. […]».

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Ganhar a vida em galego. E o futuro

«Observamos com consternaçom o abandono do galego, o corte na transmissom intergeracional que se vai mostrando cada vez maior, inquérito após inquérito. E a causa principal para pais e maes preferirem as crianças falando castelhano em vez de galego é, estudos apontam, terem a percepçom de ser impossível “ganhar a vida” com a nossa língua.

E com certeza, nom se negará, ganhar a vida num emprego, com produçom primária, com um negócio, como quer que seja… é tarefa quase impossível na nossa língua. O nosso espaço económico está marcado num quadro definido polo Estado, que estabelece umha “unidade económica” ou “unidade de mercado” cuja língua oficial de relacionamento é, tem que ser, o “castelhano ou espanhol”. É aplicada com firmeza como veículo de comunicaçom para trânsito e relações comerciais, laborais, administrativas, legais, empresariais, profissionais… […]»

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Antonio Grandío Dopico: “Hay que optimizar las posibilidades conjuntas de Galicia y Portugal”

“Es fundamental y un ejercicio muy sencillo aprender portugués para los gallegos. Nos pone en contacto directo con trescientos millones de personas […]. Aprender portugués para los gallegos es un ejercicio muy sencillo que habría que plantearse. Eso nos pone en contacto directo con 300 millones de personas. Gracias a Portugal, podemos tender la mano a Angola o a Brasil. Las posibilidades son inmensas.”

Cf. El Correo Gallego