«Valentín García, secretario xeral de Política Lingüística, e Eliseu Mera, diretor do IES Plurilíngüe de Valga e vice-presidente da Associaçom Galega da Língua (AGAL) conversárom recentemente sobre a progressiva e ainda tímida introduçom do português nas aulas, analisando a oportunidade de avançar com o português em todos os centros do ensino, uma oportunidade que nem o galego como língua nem os galegos como pessoas deviam desaproveitar, pois tornaria a nossa sociedade numa privilegiada em termos idiomáticos.
Esta conversa forma parte dunha série de conversas promovidas pola AGAL e realizadas por Nós Televisión que refletem sobre o ensino do/em galego sob o mote “Ensino do Galego. O que está a faltar?”. A iniciativa contou com o apoio económico da Deputación da Coruña […]».
«[…] Pensas que deveria mudar alguma cousa no ensino da matéria de Lingua Galega e Literatura? Pois eu acho que é necessário que a matéria de Língua Galega e Literatura deve romper com a dinámica destes 40 anos, isto é, é urgente que o galego seja ensinado e aprendido como umha língua internacional. Os alunos devem acabar o ensino secundário sabendo claramente que a sua língua comunica com 250 milhons de pessoas no mundo e que na sua língua podem aceder a todo tipo de recursos sem precisar do espanhol.
Na minha opiniom, se conseguirmos isso, a visom que alunado possa ter do galego vai mudar radicalmente.
Qual deve ser o papel do português no ensino? Ampliar a sua presença como segunda Língua Estrangeira? Ser lecionada dentro das aulas da matéria troncal de galego? Ambas? Eu sou professora de português no ensino secundário e, nos três anos que levo lecionando esta matéria, posso dizer que os avanços que se podem conseguir som enormes. A matéria é oferecida como segunda língua estrangeira, mas na realidade funciona como umha matéria que nom é estrangeira, porque na maior parte dos casos os alunos e alunas partem do galego. Portanto, o estudo de português converte-se numa ferramenta que permite aos alunos ver o galego como umha língua muito mais ampla, com a que podem fazer a sua vida sem necessidade de recorrer ao espanhol.
Além disso, os alunos e alunas podem acabar o ensino secundário sabendo ler textos com ortografia portuguesa, o qual é um grande avanço, pois na minha trajetória tenho encontrado muitas pessoas que compartilham a visom reintegracionista, mas nom conseguem dar o passo de escrever ou ler em norma internacional porque falta umha alfabetizaçom que dificulta muito esse processo.
Finalmente, em relaçom a se o português deve ser lecionado dentro da matéria de galego, acho que ainda nom estamos nesse momento, pois há muito professorado de galego que ainda nom entende o galego como umha língua internacional, o qual do meu ponto de vista seria contraproducente. Pois para integrar o ensino de português na matéria de galego primeiro deveria estar clara a premissa de que o galego é umha variante do português e nom duas línguas diferentes […].»
«[…] Qual deve ser o papel do português no ensino? Ampliar a sua presença como segunda Língua Estrangeira? Ser lecionada dentros das aulas da matéria troncal de galego? Ambas? Esta pregunta é um pouco complexa porque necessita do engajamento de políticas públicas neste sentido. Em linhas gerais, eu acredito que ao falarmos do ensino de português na Galiza perpassa por reflexões sobre a necessidade de uma abordagem específica para os estudantes galegos, é necessária uma avaliação sobre as ações político-linguísticas realizadas na Galiza para o ensino do Português como segunda língua estrangeira. Talvez, o caminho a seguir seja buscar metodologias sensíveis às diferenças e semelhanças culturais e linguísticas dos estudantes de português na Galiza, verificando o repertório linguístico que nos une, bem como os diferentes valores sociais e identitários de cada um. É necessário encontrar um caminho para o desenvolvimento do ensino de português porque difere totalmente da focagem do ensino de PLE para estudantes bilíngues, ao mesmo tempo que também difere do ensino de PLE para não falantes de português. Não sei se consegui ser clara neste ponto, a questão é que, se ampliar o ensino de português como língua segunda ou focá-la dentro da matéria de galego, coincidimos em uma questão: há que procurar outras achegas para sustentar esta abordagem, levando em consideração todas as particularidades do ensino de português na Galiza. […]»
«Este breve ensaio, editado pola Fundaçâo Francisco Manuel dos Santos (Lisboa, 2022), trata da evolución histórica de Galicia, contada en diálogo coa historia e a política de Portugal, comezando pola raíz común que foi a Gallaecia romana e sueva até os primordios do segundo milenio, cando se produce a escisión entre as duas partes da antiga provincia romana, na que o norte (a “terra lucense”) fica co propio nome de Galicia e a parte do sul (“terra bracarense”) se transforma a partir de Portucale no reino de Portugal, do que mesmo procede o nome da lingua daquel novo reino peninsular. O poeta Miguel Torga dixo en certa ocasión, a propósito dunha visita de escritores galegos á sua morada de Coimbra, que ao escoitar aquel “lenguajar nativo e arcaico” no que lle falaban, decatouse da existencia duma patria común pero “trágicamente dividida”. A división non foi especialmente tráxica, pero a pregunta segue a ser se aquela escisión dun territorio común pode ser refeita ou debe continuar no estado actual. Esta é a cuestión na que teñen matinado moitos dos nosos devanceiros, nun tempo alcumados como “iberistas”.
«Retomo a posição onde concluí a minha última coluna de opinião nestas páginas: o breve e valioso livro de Ramón Villares, recentemente publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. “Galiza – Terra irmã de Portugal” é um daquelas obras que iluminam tanto a memória quanto o futuro. O autor traça uma arqueologia brilhante da “irmandade existente entre a Galiza e Portugal”, irmandade “atlântica”, natural e cultural, que foi historicamente “dividida” por dois reinos e estados, mas para onde o presente e o futuro sempre apontam. “Subjacente a esta realidade cultural e política, está a continuidade das suas paisagens e as frequentes relações transfronteiriças das suas gentes, que não percebem de fronteiras ou que as atravessam sem disso se dar conta”, nota Villares, referindo-se aos milhares de nortenhos e galegos que ainda hoje “cruzam a raia” quotidianamente, cujas famílias se miscigenaram, na esteira do que aconteceu na Galécia e até aos dias de hoje. “Essa divisão – nota Villares – nunca chegou a concluir-se por completo. (…) As semelhanças são indeléveis, os diálogos nunca cessaram”.
O futuro sempre aponta em direção à nossa identidade, à condição territorial e histórica, à nossa vocação coletiva. Não é possível traçar horizontes e políticas de sucesso sem o conhecimento da matriz sociocultural e económica dos territórios, e nunca a recalcando.
Justamente amanhã reúne, em Vila Nova de Gaia, a Comissão Luso-Espanhola de Cooperação Transfronteiriça, para aprovar contributos para a agenda da Cimeira Ibérica, que se realizará, também a Norte, em outubro, na qual se definem as grandes agendas e dinâmicas políticas da cooperação entre os dois países.
Como explica Villares, “a integração europeia e o desaparecimento parcial das fronteiras de Estado favorecem que se pense esta irmandade atlântica em termos mais culturais do que políticos, com um maior peso atribuído a uma estratégia europeia que ultrapassa os estados nacionais”. E remata: “parece claro não só que o futuro aumentará a integração destas regiões [Galiza e Norte] outrora divididas, mas também que os seus valores identitários comuns poderão alcançar uma nova dimensão e um importante peso regional no quadro da União Europeia, dada a sua condição de países atlânticos, densamente povoados, economicamente ativos e com uma grande atração patrimonial e turística”.»
LEI 1/2014, do 24 de marzo, para o aproveitamento da lingua portuguesa e vínculos coa lusofonía.
Exposición de motivos
No actual mundo globalizado, as institucións galegas, comprometidas co aproveitamento das potencialidades de Galicia, deben valorizar o galego como unha lingua con utilidade internacional, algo que indicou no seu debido tempo o autor a quen foi dedicado o Día das Letras de 2012, que chegou a exercer como vicepresidente da Comissão Galega do Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa.
O portugués, nacido na vella Gallaecia, é idioma de traballo de vinte organizacións internacionais, incluída a Unión Europea, así como lingua oficial de nove países e do territorio de Macau, na China. Entre eles figuran potencias económicas como o Brasil e outras economías emerxentes. É a lingua máis falada no conxunto do Hemisferio Sur.
É preciso fomentar o ensino e a aprendizaxe do portugués, co obxectivo, entre outros, de que empresas e institucións aproveiten a nosa vantaxe lingüística, un valor que evidencia a importancia mundial do idioma oficial dun país veciño, tendo en conta tamén o crecente papel de bloques como a Comunidade dos Países de Lingua Portuguesa.
A lingua propia de Galicia, polo feito de ser intercomprensible co portugués, outorga unha valiosa vantaxe competitiva á cidadanía galega en moitas vertentes, nomeadamente na cultural pero tamén na económica. Por isto debemos dotarnos de métodos formativos e comunicativos que nos permitan desenvolvernos con naturalidade nunha lingua que nos é moi próxima e nos concede unha grande proxección internacional.
«Estamos a realizar ao longo de todo o ano, umha série de entrevistas a diferentes agentes sociais para darem-nos a sua avaliaçom a respeito do processo, e também abrir possíveis novas vias de intervençom de cara o futuro. Desta volta entrevistamos iria taibo, tradutora, intérprete e ativista da Mesa.
[…] Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
Podem fazer-se muitas coisas, mas acho que se não há um apoio muito mais claro por parte das instituições é bastante difícil que nada mude. Desde a promoção do galego nas novas plataformas onde a mocidade toda está a participar até os retrocessos que é fácil detetar em partes muito importantes da própria administração (nomeadamente, a educação e a saúde, na minha opinião), as iniciativas pessoais e privadas de todo tipo são muito positivas e imprescindíveis, mas para mim é impossível que haja mudanças reais sem essa liderança do público.
Desde a iniciativa social, continuaria com o apoio a iniciativas muito transformadoras que existem, particularmente de valorização e de divulgação de espaços de presença prática do galego.
Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas normas oficiais, uma similar à atual e outra ligada com as suas variedades internacionais?
Sem dúvida. A liberdade (real) de escolha é muito importante, e o sentido prático também. Daria a bem-vinda a qualquer elemento que ajude e some.»