@nomhafronteiras O português vem do latim? 🤔🇵🇹 #portugal #portugues #galego #galiza #história #português ♬ sonido original – Nom há fronteiras
Marco Neves e Sam The Kid estarão em Santiago de Compostela no dia 4 de dezembro – PGL
Marco Neves e Sam The Kid visitarão a Escola Oficial de Idiomas de Santiago de Compostela e o IES Xelmires II na segunda-feira dia 4 de dezembro. Estes dois comunicadores da língua portuguesa vêm falar sobre dois dos seus livros, sobre o português, sobre o galego e sobre tudo o que as pessoas quiserem perguntar.
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Begoña Íñiguez: «O coração galego de Lisboa»
«A Lisboa do século XXI, as suas ruas mais movimentadas, alguns dos seus emblemáticos monumentos, canções, novelas e peças teatrais não se poderiam perceber na sua totalidade como os conhecemos sem o grande contributo, esforço e integração ao longo dos últimos três séculos dos numerosos galegos e galegas que cá chegaram, casaram com portugueses e deixaram a sua marca, ainda que 300 anos e picos depois poucos saibam que descendem de galegos ou que o seu apelido é de origem galega.
Os primeiros a chegar vieram no século XVII, procedentes do Sul da Galiza, fugindo da fome e da miséria, para trabalhar na construção do Aqueduto das Águas livres, a fazer o que quase ninguém queria fazer.
Já no século XIX e começos do XX, vieram à boleia dos avanços duma efervescente sociedade burguesa com grande poder económico, instalada na Baixa pombalina. Foi nesse momento que surgiram as primeiras tascas e restaurantes de galegos nessa zona, algumas das quais perduram até hoje com os mesmos nomes e prestígio ainda que, em muitos casos, com diferentes proprietários, como o Gambrinus ou o Solar dos Presuntos, para citar exemplos conhecidos. Poucos sabem que o bacalhau com grão, um prato tão tipicamente português, é galego. Ainda hoje perdura na cultura popular das aldeias do outro lado da fronteira e ficou para sempre na gastronomia lusa. O mesmo acontece com a típica ginjinha, que aparece em todos os guias turísticos e faz as delícias dos visitantes de todo o mundo. No Rossio ainda continua aberta a taberna mais antiga de ginjinha, fundada por um galego em 1840. Mas nem tudo se limita à gastronomia e às tabernas, já que no Teatro Nacional Dona Maria atuaram nessa altura numerosos atores galegos. Além disso, nas conhecidas tertúlias do Café Gelo, também no Rossio, participaram junto com Fernando Pessoa e Almeida Garrett numerosos intelectuais do outro lado do Minho.
Na altura da Guerra Civil Espanhola, entre 1936 e 1939, e posteriormente, quando se impôs o regime franquista em Espanha, instalaram-se em Lisboa galegos de diferentes estratos sociais, alguns intelectuais de esquerda e profissionais liberais, do bando republicano, fugindo do regime de Franco. Lisboa acolheu-os de braços abertos. Uns ficaram para sempre e outros aproveitaram para viajar até à América e instalar-se por lá, no México, na Argentina ou nos Estados Unidos. Muitos deles instalaram-se no Bairro Alto, onde abriu a primeira sede do Centro Galego de Lisboa, em 1908.
Nos anos 90 do século passado, a imigração galega em Lisboa mudou radicalmente. Os expatriados da Corunha, de Vigo, Pontevedra, Santiago e Ourense, formados nas melhores universidades, excelentes conhecedores de Portugal, dos portugueses e familiarizados com a sua língua pela influência do galego, foram escolhidos pelas suas empresas para se instalarem em Lisboa, dirigir as suas delegações em Portugal e formar os funcionários lusos na política da empresa. A partir de 2010, com a crise internacional e o resgate de Portugal, o expatriado galego em Lisboa diminuiu muito. Mas hoje a situação alterou-se, com a numerosa chegada de investigadores e estudantes de Erasmus galegos às universidades lusas, incentivados pela proximidade da língua e pelas parcerias entre as instituições do Norte e do Sul do Minho.
Quem quiser conhecer in situ a Lisboa mais galega, recomendo calçado cómodo, paciência e curiosidade para fazer um longo percurso a pé, cansativo mas muito interessante, que começa no belo palacete da sede do Centro Galego de Lisboa, na Rua Júlio de Andrade, junto ao Jardim do Torel, cedido pelo milionário de origem galega Cordo Boullosa. Depois, descer pelas numerosas escadinhas até às Portas de Santo Antão, ir até o Rossio e ao Teatro Dona Maria, subir pela calçada do Duque até ao Largo do Carmo, onde culminou a Revolução dos Cravos, em que participaram capitães galegos. Já no Bairro Alto é de paragem obrigatória, na Rua da Rosa, a primeira sede do Centro Galego, onde se realizaram ao longo dos anos muitos casamentos entre galegos e lisboetas, prova da grande integração que perdura até hoje.
Na populosa Bica moravam muitos aguadeiros galegos, na Rua Garrett, no Chiado, encontramos o prédio da livraria Bertrand, que foi propriedade de Cordo Boullosa, fundador da Galp. A rota bem pode acabar na Praça Martim Moniz, onde existiram numerosas casas de hóspedes e hotéis de galegos, além de restaurantes bem conhecidos que ainda perduram como o Ramiro.»
Banda Desenhada trata história da Euro-região Galiza-Norte de Portugal
«O Eixo Atlántico é o responsável do projeto Das Orixes á Unión Europea, Historia da Eurorrexión Galicia-Norte de Portugal, um livro de 100 páginas que percorre a história do território em cinco capítulos.
Este trabalho foi dirigido e escrito polo historiador Víctor Rodríguez, e conta com ilustraçons de dous ilustradores galegos e dous portugueses: Daniel Docampo, Daniel Correia, Norberto Fernández e Martim Cordovil.
O livro começa com o período castrejo e a romanizaçom, até a chegada dos suevos e do Cristianismo. A seguir, percorre a Idade Media, e recolhe a constituiçom do Reino de Galiza, o desenvolvimento do Caminho de Santiago, a independência de Portugal e as Revoltas Irmandinhas. No seguinte capítulo decorre a história desde a morte de Henrique de Portugal até a Revoluçom dos Cravos em 1974. E no final desenvolve-se a história recente, com destaque dum último apartado que descreve a própria história do Eixo Atlántico desde a sua fundaçom em 1992.
Para ler online e de descargar a publicaçom, está disponível aqui.»
Qual é a origem da língua portuguesa?
O português vem do galego?
«[…] Enfim: todos nós que dizemos falar português e todos os que dizem falar galego falamos qualquer coisa que teve origem nos falares da Galécia, ali no noroeste da Península. Durante séculos, o latim trazido pelos soldados e colonos romanos e adquirido por toda a população foi sofrendo transformações — não as podemos ver em tempo real, porque ninguém as registava ou escrevia, mas, muitos séculos depois, quando finalmente a língua começou a ser escrita, havia nesse território uma língua já formada, com verbos próprios, com formas próprias, com características que a identificam e a distinguem das outras línguas em redor.
O que chamavam as pessoas a essa língua que já era, em muitos aspectos, a nossa? Não lhe chamavam nem galego nem português: chamavam-lhe linguagem, com toda a probabilidade. Era a língua do povo. Nós, agora, olhando para trás, podemos chamar-lhe «português», o que não deixa de ser anacrónico, ou «galego», o que não deixa de assustar algumas almas mais sensíveis, ou «galego-português», para agradar a gregos e a troianos (como se esses fossem para aqui chamados). Na escrita, durante todos esses séculos do primeiro milénio, o latim continuou rei e senhor.
Quando Portugal se tornou independente, começámos a usar a língua que existia no território, que era ainda apenas o Norte. Não a escolhemos de imediato, pois nos primeiros tempos o latim ainda foi a língua oficial. Mas, devagar, a língua que era de facto falada começou a infiltrar-se nos textos escritos, às vezes de forma imperceptível, outras vezes de forma mais clara. Continuar lendo “Qual é a origem da língua portuguesa?”