«[…] Se pudesses recuar no tempo, que mudarias para que a situaçom na atualidade fosse melhor?
Quiçá houvo um excesso de autoconfiança, no sentido de que a grande base social com que contava o galego, com percentagens de falantes ainda hoje chamativas para umha língua minoritária de Europa, nos fijo minimizar até há relativamente pouco tempo o problema da ruptura da transmissom familiar e do uso do galego entre as novas geraçons. Ainda assim, essa ruptura da transmissom ralentizou-se com a chegada da democracia, porque se incides no prestigio da língua e na sua utilidade social e económica, reduzes as razons que podem ter os pais e nais para abandonar o galego na educaçom dos filhos. Em todo caso, é um âmbito em que se pudo incidir mais, vista a profunda transformaçom que estava a experimentar Galiza, com o crescimento das cidades e a perda de peso do sector primário, duas mudanças que minarom o ecossistema privilegiado que o galego tinha, e ainda tem, no mundo rural. […]
Que haveria que mudar a partir de agora para tentar minimizar e reverter a perda de falantes?
Há um âmbito mui importante, que é o da empresa, onde estamos a tentar atuar desde que aprovamos o Plano de dinamizaçom do galego no tecido económico. A vigência do plano acaba neste 2020, e cuido que deu os seus frutos, mas nós continuaremos a trabalhar, porque é fundamental que o galego se veja como um idioma útil no mundo laboral para que as famílias e a gente nova se decidam a empregá-lo. Também é importante continuar a trabalhar para que as tecnologias da informaçom e da comunicaçom se desenvolvam na língua própria da Galiza e, em geral, cuido que há que prestarlhe umha especial atençom à cultura juvenil, tal e como se propom no nosso Plano de dinamizaçom da língua galega na mocidade 2019-2022. Outro espaço onde eu gostaria de avançar mais, algo para o que devemos contar com o apoio do governo de Espanha, porque depende em boa medida del, é o da justiça. Nom é que aqui nom houvesse avanços, mas cuido que todos gostaríamos de que ainda fossem mais.
Achas que seria possível que a nossa língua tivesse duas normas oficiais, umha similar à atual e outra ligada com as suas variedades internacionais?
A Junta de Galiza vai aceitar a decissom que, em matéria de normativa, adote a Real Academia Galega, que é quem tem atribuída esta competência. Se a Real Academia Galega o vê factível, a Junta também; se nom o vê viável e só há umha norma oficial, esta será a que use a Junta.»